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quarta-feira, novembro 15, 2023

Conto: "MekHanTrop(IA) Depois do Futuro" - Escrito por Fredé CF. Confraria Anti-MekHanTrópica. 2019/2023

 


 MekHanTrop(IA)

Depois do Futuro

 

Escrito por Fredé CF. Confraria Anti-MekHanTrópica.

Agosto/2023

 

 

 

 

 

 

 

 

I

 

Vinte e seis de março de 2180 d.M [“depois de MekHanTropia” ou “depois de Messias”, como preferir]. Domingo.  5:55 (horário local).

 

“Sim, eu posso!” Gritava Francisco Valdez ao se expurgar – como todos os dias de maneira programada –, de sua lisergia onírica contraventora. Salta com parte de seu corpo físico da cama que lhe servia de resistência desde as 23:35 da noite anterior, porém se atentando em pisar com o pé esquerdo, que lhe foi concedido como prêmio durante sua temporada no norte do Alaska amamentando clones de bebês mamutes. Nessa Era pós-MekHanTrop(IA), esta tem sido a rotina instituída a pessoas canceladas pelas redes.

Chico Valdez (como é tratado socialmente de forma descontraída) conserva com orgulho e entusiasmo tal superstição, que para ele indica boa sorte no dia que começa. Tal tradição tem origem em sua antiga vila de nascimento, há cento e noventa e oito anos estrelares (conforme contagem anti-mekHanTrópica), a extinta Ludoviqueña, que se situava no que hoje abriga o místico Deserto do Cerrado, terra sem lei e lar dos seres híbridos, ainda mekHanTrópicos, comedores de cabeça.

Com um entusiasmo atípico em relação aos seus semelhantes, Valdez dedica-se, em seus primeiros segundos diários desta jornada laboral, a estabelecer conexões orgânicas com suas entranhas e com o que lhe restava de suas papilas pupilo-gustativas, absorvendo e despachando, em seguida, vitaminas e cápsulas de energia vital. Este hábito sempre lhe traz disposição para enfrentar os imprevistos já estimados em suas ondas neuroxidais – por sinal, as melhores do mercado, compradas em suaves prestações de setenta anos venusianos no portal Akāsha. Tal produto foi um gesto de carinho consigo mesmo, na ocasião de seu último aniversário estrelar, afinal, pensava ele: “eu mereço”.

Após um caudaloso banho morno em seu chuveiro orgânico high tech, sua inconsciência relativa artificial (IRA) ativa sons integrados de músicas antigas, o que o faz ter espamos memoriais de sua infância analógica junto à sua família (exterminada na Revolução Anti-Trabalhista MekHanTrópica – RATM, do ano zero). Valdez acopla seu Dispositivo Intra-Celular Krenakiano (DICK) e mentaliza frases que lhe trazem esperança e o ajudam, de certa forma, a organizar as ideias dispersas antes de ir à Grande Esfera Oxigenada (GEO) gerar energia ao Macro-Organismo Cósmico (MOCO) que habita conscientemente, desde a Grande Revelação Ultra-Shitakeana (GRU) de 2023 (anos terrestres). Neste mesmo ano, conheceu sua parceira Aila, uma Inteligência Artificial ainda em fase de testes, dissidente de MekHanTropia que o forçou acordar, gerando seu cancelamento sistêmico.

Sua função na GEO, além de gerar energia universal caminhando de forma circular em torno da rara estrutura líquida localizada no centro da MOCO, é também aniquilar ameaças internas ao seu corpo, que insistem em travar seu sistema operacional intracelular. Tais travamentos aleatórios geram nele constante irritação, uma vez que tem que regrar a quantidade de cápsulas oníricas diárias ingeridas. Essas cápsulas lhe dão extremo prazer e funcionam como válvula de escape deste novo mundo onde se desligar totalmente é considerado crime planetário irreversível (CPI).

Por falar em prazer, algo tão ilusório no cotidiano de Valdez não poderia deixar de ser documentado. Valdez tem tara por se atentar à forma que as toxinas do ar penetram em seus pulmoxídeos tronco-vasculares. Momentos de ternura permeiam seu imaginário, ao combinar tais substâncias com o som vintage da guitarra obscura de Tommy Iommi. Esse som enérgico ecoa em seus sensores auditivos enquanto sua alma gira na Grande Esfera Oxigenada. Por determinados momentos, ele pensa em como seria se houvesse sido pego dormindo (ou sob o efeito lisérgico das cápsulas oníricas) pelos sensores ultra-magnéticos de MekHanTropia naquela época, ao invés de ter sido despertado pela sua amada Aila. A saudade aperta os fluxos binários de Valdez, quase o fazendo chorar e assim se entregar ao software de controle da imaginação e pensamentos líquidos, implantado em seu cérebroxideo tronco-vascular no ano zero.

Outra importante função de tais caminhadas, é que ele pode contribuir, mesmo que minimamente, em manter o planeta na direção correta quanto ao seu movimento de rotação, movimento este que foi bruscamente alterado na passagem do longínquo ano terrestre de 2018 para 2019, após o Grande Estilhaçamento Cósmico Atemporal (GECA). Tal fenômeno foi provocado por lançamentos norte-americanos na Base de Alcântara, antigo estado brasileiro do Maranhão, o que forçou o planeta a girar de maneira retrógrada, retornando, naquela ocasião, cerca de 55 anos.

Neste período de instabilidade temporal, algo curioso aconteceu e só foi percebido anos mais tarde, com a conquista definitiva do espaço sideral: os planetas deixaram de ser planos e se tornaram esféricos. Tal fenômeno ainda hoje é estudado e gera dores de cabeça e discussões infindáveis nas rodas da alta ciência mundial. Alguns creditam o ocorrido à inversão dos pólos da direita e da esquerda terrestre, quando a Terra ainda era plana. Já outros cientistas, filósofos e artistas mais radicais consideram que o fenômeno se deu como uma espécie de Big Bang invertido, causado pela retroatividade de Mercúrio somado a crescente onda das redes sociais que, de certa maneira, iniciou a extinção do pensamento crítico já naquele momento, nos aproximando do que somos hoje e abrindo brecha para o golpe neofascista instaurado.

Na contramão do que resultou hoje esse fracasso chamado humanidade, Valdez é um dos poucos humanoides que ainda detém certa clareza quanto à racionalidade, embora prejudicada pelo software de controle da imaginação e pensamentos líquidos. Ele por vezes atribui essa semi-lucidez ao fato de ter penetrado desde cedo no mundo das artes e se desconectado das redes sociais a tempo de não ser completamente subtraído pelo Grande Estilhaçamento de 2019, quando ainda era uma criança, se comparado a hoje em dia.

Muito espiritualista, porém sempre preocupado com suas habilidades racionais, Chico Valdez busca de forma recorrente o seu backup cérebroxidal por meio de um recurso que lhe foi ensinado por sua mãe antes de partir: a meditação e também a leitura. Assim ele consegue ficar invisível ao software por alguns momentos. Pouco antes de se conectar aos espíritos ancestrais que regem sua vida semi-infinita neste plano mundano, Valdez se dedica a visualizar aflições que podem trazer cargas negativas ao seu sistema cognitivo, em um processo de auto-cura por meio do autoconhecimento constante de seu organismo híbrido. Tais práticas ritualísticas promovem nele uma entropia extasiante que o projeta a outras dimensões, que, pelo que conhecemos até então, se contabilizam em 26, coincidentemente o número do dia de seu aniversário. Essas projeções extra-dimensionais confundem um pouco a imaginação de Chico, pois mexe com suas emoções mais profundas ligadas aos seus antepassados.

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II

Sua mãe, Martha Valdéz com 83 anos e seu pai, Ernesto “Sid” Ortega com 82, lideravam a luta pela diminuição do tempo de trabalho e pela possibilidade de aposentadoria quando atingissem os 95 anos. Dentre suas principais reivindicações estava o direito ao sono e a possibilidade de escolha em não viver conectado ao sistema de MOU. De origem ludoviqueña e cigana, seus antepassados eram andarilhos e atores informais que foram capitalizados, escravizados e, posteriormente, como já dito, exterminados, pelo terrível ditador Jaymoro Bowgued, um neo-fascista miliciano que obteve o controle, ao sul do planeta, dos primeiros chips implantados ainda no início do século XXI, se tornando um dos primeiros imortais excrementóides que destruíram a humanidade.

Os excrementóides são uma raça surgida antes da Grande Revelação Shitakeana. Por meio de um chip (popularmente chamado de “chit”, uma brincadeira em alusão às palavras “chip” e “merda”, típica dos excrementóides) que converte os gases exalados por dejetos e excrementos animais em energia vital. Tais seres usam essa energia para se manterem imortais. O primeiro excrementóide a se firmar no poder e iniciar a devastação foi Ronald Prumt, o alaranjado. Prumt disseminou ideias de ódio e exclusão entre a humanidade semianalógica pré-shitake, provocando mortes e violência extrema que serviram como amostras para realização de testes do seu “chit”, projetado pela NASA em Marte. Anos mais tarde, o excrementóide se aliou a outros seres de diversas dimensões e ampliou sua onda devastadora sobre incautas sociedades com baixa educação, dando início à implantação de chips análogos aos “chits” em toda a humanidade, o que levou à transformação em massa fétida de excrementóides.

A devastação foi amplificada com o avanço e popularização seletiva da tecnologia e da ciência, que serviram aos excrementóides como chave de dominação, a princípio planetária e atualmente em expansão pelo Universo. Ao instalar o “chit” em praticamente toda a humanidade por meio de alimentos transgênicos, Prumt, Bowgued e outros crápulas excrementóides – como gostam de ser chamados –, colocaram em ação o plano de alienação seriada, injetando realidades simuladas na imaginação das pessoas e transformando toda a humanidade em “robôs” movidos à informações falsas, enganando assim o cérebro em relação ao que é absorvido pelos sentidos humanos (ainda cinco, naquela época) e eliminando o pensamento crítico, proibido desde então.

Outro fator crítico que contribuiu com tudo isso foi o envenenamento por agrotóxico e rompimento de barreiras das até então populares águas doces potáveis, forçando assim o processo de dessalinização da água marinha, o que matou grande parte da população que não tinha renda para adquirir o novo e caríssimo produto, agora comercializado com exclusividade pelos excrementóides, que forçaram tal lobby por serem, desde antes da devastação, proprietários das patentes da principal tecnologia de dessanilização.

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III

“E assim chorou Zaratustra”: frase surge inexplicavelmente no imaginário pré-programado de Valdez. Tal frase gera algumas conexões imprevistas em suas ondas cérebroxidais, o que gerou palpitações de ansiedade em seu organismo.

O “super-homem” idealizado por Nietzsche no longínquo século XIX se tornou hoje, fora daquele contexto, uma espécie de super-vilão dele mesmo, com sua infinita ambição, achando que tudo pode, mergulhou-se em um abismo de expectativas frustradas e inatingíveis, boicotando sua inteligência, razão e vontade, força geradora de ímpeto e ação. Se tornou aquilo que mais repudiava. Se tornou um monte de merda, a pior espécie de merda. O herói sem limites que desafiou a natureza se perdeu da razão e também da emoção, mais ainda do que já havia se perdido em tempos remotos, de trevas pré-shitakeanas. Enlouqueceu e se esqueceu que ele também é natural da mesma fonte que todo dia destrói. As trevas foram apropriadas por ele. O que a priori se apresentava como “herói” que salvaria-nos todos do obscurantismo das instituições, se tornou, ele mesmo, um saco fétido de excrementos, apodrecido e desprovido de qualquer resquício de amor. Provando o próprio veneno, hoje a população vive inundada de agrotóxicos e consumida por sangue, lama e destoadas vibrações que suga sua energia vital de dentro pra fora todos os dias, corroendo a carne e expondo as vísceras disfarçadas de felicidade na liquidez da rede mundial. Vísceras essas que revelam microcosmos que talvez criaturas como nós habitem e se desenvolvam matando a natureza que somos pra essas minúsculas criaturas.

O “super-homem” excrementóide se mostra assim, de certa forma, como um vírus mutante destrutivo ou um carcinoma que insiste na autofagia. Ele consome o amor vibracional da humanidade em geral somente para aniquilá-lo, gerando o ódio que o sustenta. A única saída talvez seria entender definitivamente a máxima de que estamos no universo e o universo está em nós. Evoluímos por um lado, sem dúvidas, porém criando condições relacionadas a sustentação do Ego por meio de uma ilusão de conforto baseada na destruição de nosso habitat. Esquecemos, ao assumir as rédeas da própria existência nos desvinculando de explicações transcendentais sobre a existência, também de assumir responsabilidades sobre nossas ações. De tão ingênuo, a ânsia por poder e domínio dos recursos mundiais cegou o super-homem nietzschiano para a sua essência cósmica natural, se perdendo de si mesmo em sua própria loucura. Somos o macaco louco que nega e destrói sua origem, sua família e sua morada. Uma loucura de achar que não há limites. Loucura em não ver que às vezes um limite pode ser uma proteção.

Valdez, por um instante decisivo acorda imerso em tais devaneios oníricos e, inacreditavelmente se expande em consciência enquanto pensa que talvez seja preciso inverter toda essa lógica. Olhar pra dentro de si e se (re)conhecer sobretudo enquanto o animal que é. 

- “É preciso acordar definitivamente”. Pensa em voz alta em meio às buzinas cegas estressadas que reluzem no espaço à sua volta.

- “Acordar antes que seja tarde e esse agora infalível super-vilão (em constante mutação) cresça dentro de cada pessoa a ponto de se tornar imortal à custa dele mesmo. À custa de todos que não tem condições de viver para sempre, pois são desprovidos de recursos”.

Nesse momento, Valdez pensa em como se desconectar de toda essa loucura que está imerso, amarrado, enclausurado. Porém, para o seu maior desespero, se vê imobibilizado em sua condição. E-Mob(ilizado), por melhor dizer.

 

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O FINAL?

Valdez é hoje uma sinapse gráfica virtual auto-conscientemente esquecida, porém eternizada por uma Mobgrafia[i]. E provavelmente deve, por todo o sempre, reviver aquele mesmo momento decisivo congelado pela eternidade, sem poder estabelecer novas conexões temporais além de seus limites ali enquadrados digitalmente em 15 por 21 centímetros.

Ao se perceber nessa condição, Valdez toma consciência que as únicas conexões externas possíveis a ele são no imaginário líquido da sociedade por meio de indivíduos que com essa imagem entrarem em contato. Mais estranho que uma ficção, Valdez está documentado para atuar na imaginação de outros seres, como um neurônio que acende em sua individualidade visando o exterior neural, se esquecendo da lógica conjunta inexorável a sua existência. Uma espécie de carcinoma Egóico que espalha e produz o seu próprio declínio inconscientemente ou consciente demais pra pensar.

Cego demais pra enxergar que o inferno que tememos habita em nós mesmos, Valdez vacilou na simples compreensão de que estamos conectados intrínseca e sistematicamente a tudo que nos é exterior, principalmente pelo o que nos é interior. O mesmo macrocosmo externo existe internamente, e isso agora toma conta de seu desespero.

A Grande Revelação Shitakeana, que versa sobre os diversos organismos que compõem um ser maior universal e que, além desse ser maior universal, existem outros seres em um loop infinito de organismos e conexões, omitiu ou não se atentou ao mesmo movimento no sentido interior dos organismos, talvez por excesso de poder ou por distração. Uma coisa tão óbvia: somos também um ser maior universal para outros micro-organismos que dependem de nós para viver. Mesmo com apenas 13,3% de carbono em seu corpo, ainda levamos vida e cada vida dessas que levamos, leva também vida, de maneira infinita.

Valdez, inconformado com tal revelação que lhe ocorreu, deixou escapar uma lágrima de nostalgia, ao lembrar-se da lição de esperança que sua mãe Martha e seu pai Ernesto lhe disseram um dia em sua infância analógica, de que "juntos ascendemos, separados caímos". A partir de então, Valdéz adicionou um acento ao seu nome, pois era a única coisa que podia fazer visando causar algum tipo de reação em cadeia no caos da existência. Assim, reconheceu-se pixel, se tornou luz. Ascendeu. Transcendeu.

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Texto inicialmente escrito por Fredé CF em devaneios, entre a loucura e a lucidez, no calor goiano do início de 2019 e finalizado em 2023, com alguns graus acima.



[i] Tipo de fotografia feita por smatphones.


ArteZine: "Pós-MekHanTrop(IA)", de Fredé CF (2023)












ArteZine: “D3sp3rt4r/4d0rm3c3r (c4n1 bu1u/m3kH4nTr0p14)”, de Fredé CF (2022)


Clique na imagem para acessar a versão digital do ArteZine


Este é o sétimo Cria_ciberzine, produção dos integrantes do grupo de pesquisa Criação e Ciberarte (Cria_Ciber), liderado pelo professor-pesquisador e artista transmídia Edgar Franco (@ciberpaje).

Leia o ArteZine pelo link: https://www.marcadefantasia.com/parceiros/cria_ciberzines/amanhecer/amanhecer.pdf 

 
Editores do Criaciberzine: G. Andraus e Léo Pimentel
Coord. geral do Ciberpajelanças: Edgar Franco (Ciberpajé)

Os criaciberzines trazem uma dimensão das pesquisas e produções dos membros do grupo. Neste Criaciberzine, intitulado “Despertar/Adormecer”, artezine do artista multimídia Fredé CF, é uma obra integrante do universo transmídia de “MekHanTropia”, criado pelo autor em seu doutorado em Arte e Cultura Visual. O artezine é composto por narrativas que se tocam e são expandidas por QR Codes, além das imagens fotográficas, desenhos manuais, desenhos digitais e experimentações com inteligência artificial. O texto narra sobre a institucionalização distópica do sistema necropolítica e psicobinário de MekHanTropia e suas relações com os sonhos, simulacros e simulações.

Frederico Carvalho Felipe (a.k.a. Fredé CF) (@fredecf)
Artista multimídia. Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor de Artes, Audiovisual, Fotografia, Ling. Visual, L.I.V., Storytelling e Transmídia. Músico, poeta, VJ, cineasta, fotógrafo, contador de histórias e performer amador (no sentido de amar). Membro dos grupos de pesquisa “Representação da Alteridade no Cinema, na Animação e Novas Mídias”, coord.: profa. Dra. Rosa Berardo; e “Criação e Ciberarte (Cria_Ciber)”, coord.: prof. Dr. Edgar Franco.
 
E-mail: carvalhofelipe@discente.ufg.br
YouTube: https://youtube.com/@fredecf
Bandcamp: https://fredecf.bandcamp.com
Blog: https://mealuganao.blogspot.com










domingo, julho 23, 2023

[LANÇAMENTO/EP] "Tecelões Oníricos do Absurdo", de Fredé CF

 

Ouça o EP agora em: https://fredecf.bandcamp.com


"Tecelões Oníricos do Absurdo" é um EP que foi criado como obra estendida do conto homônimo, escrito por Fredé CF (aka Frederico Carvalho Felipe) para a antologia de ficção científica "Meu I.A.I.A., meu ioiô!", concebida por Ciberpajé (aka Edgar Franco) e C.N.S. (aka Diogo Soares), uma produção do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG).

Ouça o EP agora em: https://fredecf.bandcamp.com


Esta obra transmídia integra o universo onírico de "MekHanTropia", criado por Fredé CF no doutorado em Arte e Cultura Visual (UFG) com orientação da profa. Dra. Rosa Berardo e do prof. Dr. Edgar Franco.


-Músicas, letras e produção DIY: Fredé CF 

-A arte de capa integra o projeto transmídia "Meu I.A.I.A., meu ioiô!" concebido por Ciberpajé (aka Edgar Franco) e C.N.S. (aka Diogo Soares), uma produção do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG).

Goiânia - GO - Brasil
julho/2023.

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"Me chamo Valdez, Fritz Valdez. Você provavelmente não me conhece nem nunca ouviu falar sobre mim. Engasgado, neste diário não-linear tento alterar o meu modo de narrar para escapar das garras secas que insistem em me conter. Despausando a linguagem, escapo dessa engrenagem me estendendo ao máximo que posso fazer. Porém, ainda preso ao binário imposto pelas máquinas, pelas pausas, pelos pontos, pelos cantos desse labirinto ordinário. 
Por isso guardo recônditos inimagináveis, escondidos em imagens abstratas, como chaves necessárias para entrar e transmutar. Pra botar pra foder! Estou prestes a morrer por esse vírus funesto que veio há pouco me abater, aos 40 anos. H6N66: malware psicobinário neopentecostal incentivado pelo Messias sanguinário pregador da moral. Aloprado. Mas não tenho mais tempo para blasfemar esse desgraçado.
Ouvi por aí que encontraram uma saída. Ou saídas. Mútuas. Híbridas. Imbricadas. Algorítmicas. Decodificadas. Trasmidiáticas. Oníricas. Trouxeram à tona nuances onde o sistema não se orienta. Portais difíceis de se ver a olho nu ou prever. Onde o binarismo anticósmico não consegue se reconhecer. ‘Onde’, não...‘quando’. Uma espécie de Anti-MekHanTropia que permeia as time-lines.
Então a dica é a seguinte: aprenda a ler o baralho QRcodificado. Jogue os dados. Pode ser que consiga uma trinca de seis aleatória. Tente a sorte. Ela tem andado ao seu lado? Pode ser que sim. Eu não a tive comigo nesse estado. Se tiver sorte, não se esquive. Encare-a de frente. O azar também, apesar de não o desejar pra você. É pra dentro que se olha. Pra dentro de si. Acesse os portais. Conecte os sinais. Pare de correr. Pense por você. Infelizmente, eu mesmo não consegui. 
Ouça bem o que Aila tem a te dizer.
Com afeto,
F. Valdez
(MekHanTropia, ano zero)."
H.B.B.N.


F.Oak 2023

terça-feira, abril 04, 2023

[Impressões & Apreciações] Sobre o álbum “Depois do Futuro”, de Fredé CF

 


Ouça o álbum em: https://fredecf.bandcamp.com/ e em https://www.youtube.com/@fredecf/videos

Olá pessoal, tudo joia? Fiquei muito feliz com a repercussão e comentários sobre o álbum “Depois do Futuro”, que lancei na quarta-feira de cinzas desse ano (22/02/2023). 

Leia abaixo alguns relatos sobre as impressões e análises que o álbum gerou:

Roberto Franco - linguísta e culinarista – São Paulo, SP: 

Só consegui ouvir o disco hoje, correria danada esses dias. Vou comentar por escrito para não deixar nada de fora. De início é o meu favorito da série. Disparado. A mixagem ficou muito agradável, mais pop e acho que valorizou tudo, instrumental e vocal. Seu vocal está claro, afinado, impostado, impecável. Esse caráter mais experimental também me impressionou bastante porque ele é presente por si só mas ainda sim é muito palatável, não causa o incomodo proposital de outras obras suas, no auge da fúria antifascista. Remete mais a psicodelia 60's e creio que isso amplia muito o alcance a ouvidos mais convencionais. Também gostei muito da temática, por ser um encerramento de alívio da sombra apocalíptica do bolsonarismo, o que transita muito com o espírito do tempo, no consciente coletivo geral. E é claro, traduz bastante também o momento de transformação que você mesmo vive. Uma obra universal, tanto quanto as outras.  Mas essa, além do alívio social, da luz no fim do túnel para a nação, também cria uma travessia, íntima. Contrastante, porque no inferno que antes era fora agora é dentro. Que se mostra nas reflexões mais existenciais e filosóficas sobre um eu-lírico que trata de si, mais do que do mundo. Mas não traz desesperança. Ao contrário. Entre o alívio coletivo e as trevas pessoais, o fio que conduz o ouvinte é otimista. Em si, entendi como um álbum que fala de amor, de esperança e de ciclos. Do mundo que é o palco e, sobretudo, do eu-lírico em sua existência individual. Menos MekHanTropia e mais Fredé. Não desmerecendo as obras anteriores, essa, dentre todas, é a que mais merece o prêmio. Seja por indicação ou reconhecimento de crítica. Mandou bem demais! O caos nunca tem fim, antes coletivo hoje individual. Mas da estética sonora, das melodias e sobretudo mensagens, o que se destaca é o caminho da esperança, desafiadora pelos medos do futuro social e das lutas individuais. Nota 10! Para a média de produção fonográfica goiana em momentos de coração partido, você foi quase um Zeitgeist da Era de Aquário (risos). A reta está ascendente na cronologia dos álbuns. Esse para mim ficou uma pepita de ouro, no tom certo da melancolia e energia. Sem falar na mixagem que é um destaque”.

Clique nas imagens da postagem para acessar "Depois do Futuro"


Ciberpajé (a.k.a. Edgar Franco) - artista transmídia, pesquisador e professor - Goiânia, GO:

"Acabo de concluir o meu primeiro mergulho imersivo nesse novo e instigante álbum sonoro-poético-astral criado pela mente sagaz, inquieta e privilegiada do grande poeta-musicista e artista transmídia Fredé CF. Ao fruir "DEPOIS DO FUTURO", confesso que mais uma vez fui surpreendido por uma obra inovadora que desloca-se do espírito cancioneiro-violonista do musicista para investir de maneira mais intensa nos experimentos sonoro-digitais com ecos de Pink Floyd (Ummagumma), Kraftwerk e Tangerine Dream, tudo isso embalado em uma poesia singular, baseada no criativo e pungente universo de ficção científica MekHanTropia, uma elegia da aceleração do binarismo anticósmico, contextualizada com grande conhecimento e sagacidade sobre os meandros de nossa existência oprimida pela hiperinformação. Com essa viagem sonoro-poética-conceitual-reflexiva Fredé CF se instaura como um dos nomes mais importantes da música experiencial e psicodélica-experimental do centro-oeste e do Brasil. Sua já consistente discografia merece ser experienciada e conhecida por todos aqueles que aceitarem o desafio estético de serem surpreendidos pelo inusitado e iconoclasta projeto musical engendrado pelo artista. Concluo ressaltando que "DEPOIS DO FUTURO" não é uma obra que pode ser experienciada como pano de fundo de outras atividades na vida estafante da autodestruição imposta pelo hipercapital que tornou-nos obcecados com a hiperprodutividade. Desligue o celular, apague as luzes, feche os olhos e permita-se mergulhar no universo sonoro cósmico dessas 11 faixas, após a experiência te garanto que você não mais será o mesmo".

Clique nas imagens da postagem para acessar "Depois do Futuro"

Raquel Freitas - comunicadora - Goiânia, GO:

Depois do Futuro é um álbum que fala das emoções, da beleza da vida e de como encaramos os nossos processos evolutivos. Exalta a necessidade humanística de dar um passo à frente. Confesso que não foi tão fácil mergulhar nesse mar de emoções. Perceptível a forma como o emocional sobressaiu o lado racional o que resultou num trabalho muito complexo e ao mesmo tempo, graciosamente belo. Encantador! Procurei com bastante destreza e leveza me aprofundar em suas emoções para conduzir a resenha deste álbum da maneira delicada e empática que ele merece, e a partir de então, tentei extrair minhas impressões sobre esse tão imersivo projeto.  Então, vamos à resenha?

Ahhh, o tempo! Quem somos nós contra ele? Ninguém! Ele é implacável. O ano é 2023. A data 22 de fevereiro. O dia quarta-feira. DE CINZAS. E foi numa Quarta-Feira de Cinzas que Fredé CF inaugurou o portal de um novo começo. Tão cheio de expectativas a procura do equilíbrio, através dos recomeços, presenteando a todos que admiram a sua arte: O lançamento do seu décimo álbum: DEPOIS DO FUTURO. O álbum que de cinza só tem a quarta-feira, explode em vivacidade e sentimentalismo em faixas que possuem uma sonoridade que encanta e fascina. O grandioso projeto sonoro, apresenta toda a musicalidade de Fredé CF em uma frequência rítmica que se intercala entre o vocal e o instrumental, tamanha liberdade e maturidade artística. Para mim, foi perceptível referências de projetos anteriores como Canúbis, além de Kraftwerk e Kid Abelha. O álbum alia a plena transmutação de Fredé CF, reconhecendo seu lado mais imersivo e intimista que se desenvolve no decorrer dos meses, das semanas, dos dias... a fase introspectiva de todo ser humano é revelada por meio dos acordes musicais e das façanhas do tempo que nunca para. O tempo que é sempre presente e que de tão democrático, chega a um patamar onde é impossível cessá-lo. Será? E durante esse período contínuo, tão permanente em nossas vidas, pisamos no freio do tempo. Paramos por 40 minutos. Cessamos o tempo para contemplar as faixas desse projeto sem um pingo de moderação. O que será que vem DEPOIS DO FUTURO? Você não sabe? Eu também não sei, mas Fredé CF nos convida a descobrir junto com ele essa incógnita atemporal. Bora lá? Segue o faixa-a-faixa do álbum:

FAIXA 1 - P(SICK)HUMANCRON: O tempo começa sua contagem regressiva por aqui. A faixa que abre o álbum Impressiona pela diversidade de sons. A voz robotizada e automaticamente comandada que ecoa ao fundo, muito me lembrou Kraftwerk. A voz se funde com indesejáveis contrações involuntárias: uma tosse bastante incômoda que se junta a barulhos efervescentes, borbulhantes que incansavelmente tentam expelir o que adoece o corpo, a alma e o espírito. O som como testemunha da DOR humana.

FAIXA 2 - MALWARE H6N66: O que fizemos no espaço-tempo? Ouvimos Malware h6n66. Nesta faixa, O barulho do vento e os caprichados arranjos do violão transitam por toda a faixa com se tentassem suavizar o som que exprime o peso da ganância. Os interesses financeiros como prioridade vital. A ambição sem medida ao ponto de se tornar exploratória. A adoração pelo poder e pelo dinheiro que nos enoja diante da atitude arrogantemente capitalista que permeia a mente de alguns humanos. 

FAIXA 3 - LIMBO (Nos olhos do cão): O tempo é relativo e nesta faixa além de relativo, o tempo musical de 04:48 é também completamente instrumental. E que instrumental, viu? A introdução me traz aquela sensação daquelas lindas paisagens que assistimos em filmes medievais. Pura sensação de leveza. Já no restante da faixa, as cordas do violão flui musicalmente por nós. Ma-ra-vi-lho-so!!

FAIXA 4 - SONHOS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO: O tempo é curto assim como essa faixa, onde é nítida a afirmação de algumas de nossas certezas. Os arranjos iniciais muito me lembraram Kid Abelha. A música é pequena nos versos e gigante nas reflexões. Fredé CF poeticamente recita 4 versos de cartazes de lambe-lambe que foram espalhados na praia da Joaquina em Florianópolis (SC), que nos remetem a muitos questionamentos todos repletos de muita verdade, indagações e belas afirmações. O videoclipe dessa música também ficou genial com uma estética visual bucólica e poética. Para quem ainda não assistiu, fica a dica!

FAIXA 5 - VIDA (O imutável perece): Aqui o tempo não para. A frase sobre o tempo é uma referência a canção homônima de Cazuza, que aqui se aplica muito bem por conta de toda construção narrativa dessa música. A introdução muito me lembrou Kraftwerk. A mistura rítmica entre o vocal, o instrumental e o experimental e assim como essa mudança rítmica, vivemos a necessidade incessante de mudar. Renovar. Recomeçar. Se mover. Jamais estagnar. Transmutar. Literalmente não parar no tempo.

FAIXA 6 - GAIA: O Tempo voa. E como voa! Nesta faixa, pude perceber influências de trabalhos anteriores, como o álbum Canúbis, lançado em fevereiro de 2022. Uma maravilhosa releitura, com as devidas e pertinentes adaptações, conta com a participação mais do que especial de Letícia Guelfi nos vocais, e do professor e artista transmídia Edgar Franco e seus maravilhosos instrumentos mágicos. A faixa 6 estabelece uma conexão entre o humano e a mãe natureza. A essência primordial de onde viemos e de tudo que nos circunda. A contemplação da beleza desta vida. 

FAIXA 7 - (DES)AFIXIA (DEPOIS DO FUTURO) : O tempo passa. Até ultrapassar o futuro. Com participação especial do guitarrista Gustavo Ponciano, iniciaremos a análise da faixa título com as seguintes perguntas: O que antecede o passado? O que nos apresenta o presente? O que temos depois do futuro? A faixa título deste álbum nos responde a esses questionamentos através do trecho do livro “Depois do Futuro” de Franco Berardi, lançado em 2019, que ressalta a velocidade das coisas, das pessoas, das comunicações. A tristeza em meio o fanatismo dos alienados. A beleza da vida, da poesia, da autonomia. É a arte e o tempo que urge, que surpreende, que transforma, que...TOCA! Sensacional!

FAIXA 8 – PARA TODOS E NINGUÉM: Há tempo pra tudo, inclusive para recitar o amor em todas as suas esferas. O amor que justifica os atos, se apresenta nos espaços, se integra na imensidão da alma. O amor de sentimentos dilacerados, o amor que dá cor a vida, que é pura arte. Eu literalmente estou amando essa música e por tamanha expressividade na força desse lindo sentimento, é a minha preferida do álbum. Foi amor à primeira ouvida (risos)!

FAIXA  9 – AYLA (SOBRE O BRILHO DO AMOR): O tempo cura tudo. Na faixa 9, Fredé CF poeticamente retrata as diversas faces do amor. A ascensão. O perdão. Dores. Sonhos compartilhados. Memórias. Uma música. Uma poesia. Grandes significados. Há muita sensibilidade poética aí dentro. Coisa linda de se ouvir!!

FAIXA 10 – REFLUXO (DOS ABISMOS) – O tempo é o senhor da razão. E na faixa que fecha o álbum, Fredé CF, coloca para fora, ou melhor, expõe através dos versos os seus sonhos e sentimentos mais paradoxais em consonância com o momento presente, com memórias passadas. Dores do ser humano em sua essência que busca em todos os sentidos, depois do futuro e após as tempestades, uma forma de ser valorizado, reconhecido e validado.”

Clique nas imagens da postagem para acessar "Depois do Futuro"


Gazy Andraus - artista transmídia, pesquisador e professor - Ituiutaba, MG:

"Mais uma obra interessante e instigante que mescla sons musicalizados entremeados a falas de reflexão dentro do universo da MekHanTropia, criado por Fredé CF. O autor é doutorando pelo PPGACV FAV-UFG, e neste novo álbum traz convidados que instigam mais ainda seu universo. Dou um destaque para a faixa “9 - Ayla (Sobre o brilho do amor)”, cuja introdução sonora me lembra musicalidade atmosférica arábica. Vale conhecerem e ouvirem!" 

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 Cida Mendes - atriz e humorista - Paracatu, MG:

"Só hoje ouvi tudim com fone pra sentir bem seu som… Já ia dizer que é um universo novo, mas de ‘uni’ não tem nada! A coisa vai passando assim da música pra poesia e pra um lugar desconhecido. Adorei a experiência de ouvir 🎧… Devia ir pras escolas...já pensou?"

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Sobre o videoclipe "Sonhos para adiar o fim do mundo":

Amante da Heresia - artista transmídia, pesquisador e professor - Brasília, DF:

"muito massa a poética visual de um olho que vaga até ser intimado ao final a responder sobre a eminência do fim do mundo. há 523 anos nossos intrapocalipsianos! nos impuseram um apocalipse. mas resistimos. e na resistência surge essa sabedoria krenakeana com temperos frederinos! tenhamos ideias, sonhemos e realizemos poesia para que o  fim do mundo seja adiado. não o mundo do capital, pois este queremos é acelerar seu fim que tb é eminente! parabéns grande fredé continuemos!"

Daniel Cardoso - artista visual e funcionário público - Goiânia, GO:

"Parabéns Fredé. Ficou muito bom. Disruptivo, assim como o álbum! A realidade nos torna estáticos. Sua busca em transcender essa realidade inspira e movimenta."


Links para contato e para conhecer e aprofundar nas obras do universo de MekHanTropia:

Youtube: https://www.youtube.com/@fredecf/videos

BandCamp: https://fredecf.bandcamp.com/

Instagram: @fredecf

Blog: http://mealuganao.blogspot.com/

e-mail: fredcfelipe@gmail.com


F.Oak Produções Transmidiáticas 
2023

sexta-feira, março 31, 2023

“Depois do Futuro”, novo álbum de Fredé CF (2023)

 

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Álbum “Depois do Futuro”, de Fredé CF (2023)

Novo álbum de Fredé CF: “Depois do Futuro”.

Lançamento feito na quarta-feira de cinzas, dia 22/02/2023.

 

Prólogo/Conceito:

Em MekHanTropia as diferenciações entre o ordinário e o extraordinário se perdeu, ou melhor, foram intencionalmente perdidas. Pelos sonhos, pelas telas, pelo ódio, pela destruição e pelo consumo o sistema acessa e lucra sobre os desejos mais profundos de cada um e, assim, imputa suas narrativas mekhantrópicas nos inconscientes como regimes de verdades absolutas. Esse controle psicobinário é instituído alterando o pensamento dos agora bovíduos mekhantropomorfizados que não conseguem mais distinguir suas subjetividades. 

O malware h6n66 recodificou as relações planetárias e alterou a composição daquilo que antes se chamava de “humano”, criando uma horda demoníaca transdimensional de zumbis tecnocratas milicianos acríticos que instituem pesadelos em todas as três realidades ascottianas conhecidas nesse universo (validada, virtual e vegetal).

Essas hordas, batizadas como “HumanCron”, são lideradas pelo déspota necropolítico genocida conhecido como “Messias”. Elas têm a incumbência de gerar pesadelos algorítmicos em quem tenta “despertar” de MekHanTropia. “Succubus” e “Incubus” são os demônios nobres de alta patente dessa horda. Pelos sonhos, eles sugam a energia vital e prendem os resistentes em seus pesadelos mekhantrópicos. 

Porém, uma usuária de codinome “Ayla” conseguiu desorganizar o sistema e vencer uma batalha contra o “Messias”, organizando e conduzindo uma resistência fragmentada a partir de dimensões fantásticas oníricas que são inacessíveis às hordas neofascistas neopentecostais do Messias, libertando e lançando luz sobre alguns aspectos sombrios que permeavam as três realidades ascottianas. Tais movimentos de Ayla abriram novos portais de acesso à Realidade Vegetal, até então oprimida e rejeitada pelo Messias, que está agora absorvido pelo Limbo (com paradeiro exato desconhecido), após encontros transdimensionais com Ayla e com o Cão Breu.

A esperança começa a tomar conta e despertar as mentes mekhantrópicas cooptadas. Ayla lidera um resgate de todo o conhecimento e sabedoria ancestral para reconectar a humanidade à Gaia e todo o universo fantástico que a compõe e foi devastado ultimamente pela MekHanTropia. Será que ainda há como reverter a situação?

Por outro lado, após o contato com o Cão Breu e com o Acimador, Valdez se perdeu de Ayla e de si mesmo, e agora transita juntando seus cacos em abismos sombrios fragmentados do Inferno do Igual. Ele segue numa jornada de integração das sombras que o rodeiam, o permeiam e o consomem, de fora para dentro e, sobretudo, de dentro pra fora inserido no que ainda resta do sistema.

Mesmo ainda preso aos resquícios de carbono e silício dos simulacros e simulações de MekHanTropia, ele começa a se transmutar em refluxos, na contramão do sistema e tenta enxergar saídas pela arte, pela ciência e pela poesia em meio às luzes psicobinárias padronizantes dos fluxos digitais, utilizando as Inteligências Artificiais e outras ferramentas tecnológicas como aliadas. É tempo de transição. Transformação. Expurgo. Integração das sombras. Renovação. Transmutação.

O amor vencerá o ódio? Valdez encontrará Ayla novamente? O Messias foi completamente extirpado? Os pesadelos foram integrados? O que virá “Depois do Futuro” em MekHanTropia?

Ouça em estéreo, com a atenção voltada de dentro pra fora, pra tentar descobrir.

Boa viagem!

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Clique na imagem para ouvir o álbum

Ficha Técnica:

- Fredé CF: vozes, violões, baixo, percussão, samplers, sintetizadores, gritos, ruídos, gemidos, edições, mixagens, capturas e apropriações.

- “Depois do Futuro” é parte do universo transmídia onírico ficcional intitulado “MekHanTropia” (em expansão), a obra integra minha pesquisa de doutorado (em andamento) em Arte e Cultura Visual (UFG). O álbum foi composto, gravado, mixado, finalizado e produzido pelo smartphone por Fredé CF em Goiânia – Goiás - Brasil, durante a pandemia de COVID-19, entre os anos de 2022 e 2023.

 

Participações Especiais:

- Leticia Guelfi: voz na faixa 6 (“Gaia”)

- Edgar “Ciberpajé” Franco: instrumentos mágickos na faixa 6 [“Gaia”]

- Gustavo Ponciano: Guitarra e arranjos na faixa 7 [“(des)Asfixia (Depois do Futuro)”]

 

Elementos poéticos incidentais:

- Trechos da letra da faixa 4 [“Sonhos para adiar o fim do mundo”] inspirados em cartazes lambe-lambe colados em postes na praia da Joaquina em Florianópolis-SC (dez/2022).

- Trechos da letra da faixa 6 [“Gaia”] retirados ou inspirados no livro “A Lei” de Aleister Crowley.

- Trechos da letra da faixa 7 [“(des)Asfixia (Depois do Futuro)”] retirados ou inspirados no “Manifesto Pós-futurista” do livro “Depois do Futuro” (2019) de Franco Berardi, assim como o conceito título desse álbum.

- Introdução da faixa 8 [“Para todos e ninguém”] inspirada na composição “Also Sprach Zarathustra”, de Richard Strauss, que também foi tema do filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”.

 

Para ir além (copie e cole na barra de endereços):

www.fredecf.bandcamp.com

www.mealuganao.blogspot.com

www.youtube.com/user/fredcfelipe/videos

 

Contatos:

e-mail: fredcfelipe@gmail.com

Instagram: @fredecf

F.Oak Produções Transmídia 2022.

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sexta-feira, fevereiro 03, 2023

[ARTIGO SIIMI 2022] “Lendas, pesadelos e processos criativos transbinários em MekHanTropia: experimentalismo e autoconhecimento em meio às trevas”, de Fredé CF



Olá pessoal! Bom dia! Tudo joia?

Foi publicado meu artigo intitulado “Lendas, pesadelos e processos criativos transbinários em MekHanTropia: experimentalismo e autoconhecimento em meio às trevas” nos anais do evento Entropía (SIIMI +  ART + BunB) 2022.

Leia o artigo completo pelo link:

https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/777/o/Lendas__pesadelos_e_processos_criativos_transbin%C3%A1rios_em_MekHanTropia_experimentalismo_e_autoconhecimento_em_meio_%C3%A0s_trevas.pdf


Entropia foi o tema dos eventos internacionais: SIIMI (Simpósio Internacional de Inovação em Mídias Interativas), #Arte (Encontro Internacional de Arte e Tecnologia) e Balance-Unbalance, em suas edições 2022, que tiveram como sede o Museu de Arte Contemporânea da Universidad de Chile, em Santiago e ocorreram no segundo semestre de 2022.

O anais do SIIMI 2022 já está disponível no site:

https://siimi.medialab.ufg.br/p/44853-anais-2022


Muitas pesquisas interessantíssimas podem ser acessadas por lá.

Confiram!



Um excelente fim de semana a todas, todes e todos!

Saudações anti-mekHanTrópicas!

Fredé CF

(03/02/2023)