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terça-feira, janeiro 14, 2020

Manifesto (anti)MekHanTrópico - Bienvenidos a la Revolución


O sistema que sufoca
A temporada de caça se iniciou
Com os sonhos destruídos
Quando iremos despertar?
Nem a esperança ilude mais
Nem a esperança existe mais
Colapso social 
Eclosão humana
Mekhantropia.
Contrastes sociais 
Nos pratos e nos muros
O sono entra em extinção.
Santiago, Brasília 
Bolívia, Equador
O sangue sobe aos olhos
O gás enche de dor
Buscando a chave pra trancar minha alma.
Buscando distância de gente hipócrita.
Coincidências só existem pra quem as percebe
Vejo neonazis por toda parte.
A balança pesa só pra um lado 
Prosperidade de uma classe é diferente de prosperidade de um país. 
O equilíbrio é a chave da evolução 
Sem diálogo não há transformação 
Sem luta não existe revolução 
Com o fascismo não há argumentação. 
Quando iremos despertar?
Como o lobo que sobreviveu aos caçadores de cabeças 
Tudo que aprendi agora abandono
Não me prendo ao absoluto
Venenos mundanos que alegram apenas aqueles 
que não gostam de mim.
Gritos!
Ouço gritos na Babilônia! 
E sussurros sombrios no Planalto Central!
Quanto eu sei de verdade? Quanto eu sei da verdade?
Cada indivíduo constrói sua verdade
Somos o cão que se liberta da corda
Mas corre atrás do próprio rabo. 
Não importa o que vem de fora 
Exalando o que vem de dentro.
O que penso vem de fora ou vem de dentro?
É preciso entender
É preciso inverter!
De dentro pra fora é o movimento!
Como a raposa buscando vantagem
Amo meus dias cinzentos
Odeio a rotina que me poda a vida.
Ilumino a sombra como resistência.
E você? 
Você é ouro maciço?
O Outro:
Nos vemos no inferno.
Caminhando no fim do mundo
Com dificuldade de respirar
Imaginando...
Quando iremos enfim despertar?
Mas não me deixe 
parar de sonhar.
Pois a partir desse momento, 
quando deixarmos de errar,
viraremos máquinas,
deixaremos de lutar
e assim
perdida e condenada 
a humanidade toda estará.

Vemos agora quiçá o declínio de um sonho de liberdade e um blefe de que vivemos em tempos de maior livre-arbítrio. Há uma alteração induzida de modos como lidamos com o mundo. Uma inversão de valores acerca de quem somos/éramos em essência e de como vivíamos em sociedade, frente uma (sub)existência servil e controlada decorrente de nossa atual relação com o sistema institucionalizado e suas ferramentas tecnológicas de controle cada vez mais eficazes.
Tal pensamento induz à uma condição de renúncia a nós mesmos enquanto animais orgânicos, direcionando-nos a uma MekHanTropia adoecida, em uma cultura que centra sua intenção narrativa sobre o imaginário coletivo na ideia de superação de metas, produtividade e desenvolvimento econômico, esquecendo os limites naturais e as consequências que tudo isso causa. A atual pandemia evidencia tais aspectos e acentua as dispersões de humanismo que ainda nos restam. Devido às possibilidades de contágio, são aniquilados encontros e afetos presenciais; estipulados limites rígidos de contato; e determinadas relações mais intensas de dependência entre as pessoas e as máquinas. Tudo ainda incentivado visando a ideia quantitativa de produtividade.
O termo MekHanTropia ainda vem sendo desenvolvido e aprofundado enquanto conceito no intuito de transcender a representação do ciborgue, (tido pela simples mistura homem-máquina), para o processo de transformação do Homem (antropo) em Máquina (Mekhos). Esse conceito visa nossas relações sociais e também com o meio natural, aproximando-o ao conceito de “misantropia” – aversão ao ser humano e à natureza humana de forma geral ou a falta de sociabilidade – bem como as dispersões causadas pela tecnologia. Assim, um MekHanTropo seria um tipo de ciborgue destruidor da vida natural (orgânica) e a MekHanTropia uma indução (ou intenção) causada pelo status quo para o indivíduo se tornar, ludibriadamente ou não, um MekHanTropo. Esta situação traria recompensas ilusórias sobre um futuro de falsa utopia, pois, ao invés de harmonizar-nos com o meio e com o domínio das técnicas, se basearia no luxo, lucro e bens materiais, o que o torna, de fato, uma distopia causada pela própria vaidade do MekHanTropo, que abdica de sua vida e se metamorfoseia em engrenagem de aniquilação a serviço de um sistema seco, sem vida. A palavra "Han" surge no interior da expressão, como uma homenagem ao pensador “HAN, Byung-Chul”, crucial para essas reflexões.
Neste sentido, cada vez mais nos distanciamos uns dos outros e de nossa essência enquanto bicho. Mesmo conectados globalmente pela rede telemática, nos desconectamos qualitativamente de nós mesmos. Somos aprisionados ao sistema institucional por meio de falsas “bolhas” de aceitação e aprovação, que induzem ao consumo e à alienação, fazendo olvidar que vivemos em sociedade. Nos perdemos em nossa vaidade e menosprezamos a importância de cizânias enquanto válvulas de reflexão em nossas vidas. Pior que nos desconectarmos é a consequência que isso gera. Nos aniquilamos diante de falsas promessas de felicidade fundamentadas no “ter” acima do “ser” pelo universo fantástico da publicidade e das redes sociais.